maio 01, 2006

Biografia de Rui Belo

Ruy de Moura Ribeiro Belo nasceu em 1933 em São João da Ribeira, Rio Maior.
Licenciou-se em Filologia Românica e em Direito, pela Universidade de Lisboa, e obteve o grau de doutor em Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma, com uma tese intitulada «Ficção Literária e Censura Eclesiástica».
Membro numerário do Opus Dei na juventude, rompeu com o instituto em 1961 (ano em que publicou o seu primeiro livro “Aquele Grande Rio Eufrates”) e casou com Maria Teresa Belo, de quem teve três filhos.
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director-adjunto no então ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas.
Foi durante algum tempo funcionário no departamento editorial da União Gráfica, repartiu-se depois entre um escritório de advocacia, como canonista, e a Universidade de Madrid, onde durante sete anos (1971-1977) foi leitor de Português, cargo preenchido com brilho invulgar, sem no entanto suscitar o mínimo interesse por parte da nossa representação diplomática. Foi também, na sua passagem pela imprensa, director literário da Editorial Aster e chefe de redacção da revista “Rumo”.
Regressado a Lisboa, Ruy Belo tentou em vão entrar para o corpo docente da Faculdade de Letras de Lisboa: na altura da sua morte ia mais uma vez concorrer a um lugar de assistente mas foi-lhe recusada essa possibilidade, e foi dar aulas na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Faleceu em 1978, em Lisboa, vítima de ataque cárdio-vascular.
Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
Os seus primeiros livros de poesia foram “Aquele Grande Rio Eufrates” (1961) e “O Problema da Habitação” (1962). Às colectâneas de ensaios “Poesia Nova” (1961) e “Na Senda da Poesia” (1969), seguiram-se obras cuja temática se prende ao religioso e ao metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de “Boca Bilingue” (1966), “Homem de Palavras(s)” (1969), “País Possível” (1973, antologia), “Transporte no Tempo” (1973), “A Margem da Alegria” (1974), “Toda a Terra” (1976) e “Despeço-me da Terra da Alegria” (1977). O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das técnicas poéticas tradicionais. A sua poesia encontra-se recolhida em “Obra Poética de Ruy Belo” (volumes 1 e 2) sendo considerada uma das obras cimeiras (apesar da brevidade da vida do poeta) da poesia portuguesa contemporânea.
Apesar do seu curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou-se num dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca.
Em 2001, publicou-se “Todos os Poemas”.
À mulher e aos amigos, durante muitos anos, Ruy Belo foi dizendo que a sua tese para a Universidade Gregoriana de Roma estava escrita em latim. Mas «Ficção Literária e Censura Eclesiástica» é em português e figura nas «Obras completas» publicadas pela Editorial Presença sob a orientação de Joaquim Manuel Magalhães, juntamente com os ensaios de “Na senda da poesia” (1969) e um acervo de poesia inédita.
Muitos destes inéditos encontram-se dispersos por Queluz, onde Ruy Belo residia e onde morreu em Agosto de 1978, e pela Consolação, uma praia da costa de Peniche onde ele tinha um pequeno piso de férias e privou de perto com Fernandes Jorge e Magalhães, seus constantes amigos. Trata-se na maioria, de versos da juventude e apontamentos dos últimos tempos.